-O Lobo só encontra o seu destino quando mata o homem. Foi assim que o velho Xamã respondeu ao pedido do Lobo Negro, quando esse respondeu rapidamente. -Eu sou um Lobo e sempre serei nunca vou mudar, eu apenas quero saber como é ser um Homem. Apesar de todas as advertências e do perigo que estava se esboçando, o Xamã atendeu o pedido suplicante do Lobo Negro. Por um segundo a floresta parou, havia apenas o som do tambor e os canticos rituais, deuses e demônios, ceu e terra fogo e ar, todos estavam ali, todos eram espectadores da mutação do Lobo em Homem, a Noite, desceu e com seu olhar vazio tentou mais uma ultima vez evitar aquela transformação, até mesmo a Lua, ciumenta e possessiva Lua, tentou impedi-lo, mas era inutil ele estava encantado com a possibilidade, havia um fogo em seu olhar que impedia qualquer aproximação. O momento havia chegado, ele bebeu o vinho da vida. E diante dos olhos de todos o Lobo virou Homem, e seu destino era as ruas luminosas da cidade, ele estava encanto com todo aquele brilho, todo aquele movimento frenetico e louco. Ele percorreu bares, prostibulos, teatros, casas e camas burguesas, conheceu mulheres lindas e magras, negras e brancas, seduziu a todas mas nunca foi seduzido, beijo todas as bocas, sentiu todos os sabores, e a cada passo que ele dava em direção aos prazeres do Homem, mas ele se afastava do verdadeiro lobo. Mas tudo isso era pouco ainda, foi no começo da tarde que ele iria conhecer seu próprio fim na figura linda de uma jovem de boca vermelha e pele clara, ela trazia a tatuagem de uma serpente como um aviso do perigo, mas ele não conseguia mais ouvir seus instintos que gritavam. Ele se encantou com a jovem e ela por ele, e logo seus olhos se encontraram, suas mãos se tocaram, e como em um bolero eles se uniram em um beijo já esperado.
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