terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sakura

Apesar do inverno ter ido embora, sem ter deixado sua lembrança, ela continuava firme absoluta e eternamente florida. Em sua volta, dois salgueiros brancos gigantes pareciam seus guardiões, seus Samurais. Do lado esquerdo, vários seixos coloridos e risonhos, faziam um atalho ate o grande Lago da Lua, sem muito alarde, aquele pequeno pedaço da floresta é um Santuário. Por vezes, antes da chegada da noite, ela se tornava mulher e caminhava suave sobre as aguas, com passos medidos e de olhar pequeno, emprestando a tudo um colorido flor, sua boca era de um vermelho intenso, um vermelho quase impossível. Tudo era silencio na sua passagem, tudo era encantamento e até os impossíveis e improváveis pássaros de plumagens exóticas, a cortejavam insistentemente, ruidosamente. 
E todos, bichos, flores e frutos aguardavam e se deliciavam com sua floração.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Girasol

Somos apenas selvagens animais da noite sem pecados sem segredos. Somos como a própria noite. Amamos nossa liberdade 
nossa duplicidade
nossa cumplicidade
nossa dualidade.
Cronos, o Tempo, nosso maior inimigo se esconde atras da nossa solidão, espreitando nossa anima vida. Nossa noite não tem sentidos nem amores, refletimos em aguas turvas nossas imagens, e mergulhamos fundo porque vivemos vivemos e vivemos. Somos deuses negros e mulatos, o nosso prazer é nossa eterna surpresa. Não temos um caminho um proposito, somos apenas animais errantes embriagados com nossa própria grandeza e gentileza. Nosso amor é uma saudade, nossas doces ilusões de menino, não tentamos  mais chorar, e nesse jogo sou perdedor, tenho a santa paz da natureza, porque sou o guardião dessa paz, tenho a voz da floresta, porque sou o velho que se arrasta, mas tenho ao meu lado o novo que me orienta. Nao consigo me explicar nem mesmo tento, como todos dizem sou rebelde, impulsivo, provocador, possessivo, multiplo, mestiço, sou todo mal e nem um bem, minha alma de Lobo não conhece a justiça nem a piedade de santos e santas, nem mesmo conhece esse amor que a noite nos mostra, porque  já perdi a conta dos amores que nunca tive, apesar de tudo e de todos ainda posso ser doce e gentil. Hoje procuro no ceu meu destino, mergulho em um mar denso e danço festejos tribais, tenho gravado tatuagens e simbolos pra tentar me traduzir . Tenho apenas um desejo, porque sou o meu próprio desejo, minha eternidade é meu castigo, já disse isso antes, contrariei os Deuses antigos e fui condenado a viver eternamente. Mas ainda consigo ter  saudade dos amigos e da simplicidade de olhar um dia de sol, apesar de procurar como um louco esse Dia que foge e se esconde. E nesse meu sonho impossivel, provoco o mundo a me impedir, tenho a eterna consciência que não poderei rever quem desejo. Afinal meu Girasol, para sempre estara me esperando nas portas do paraiso, mais  não tenho permissão para entrar. Apesar de ser um animal encantado e viver nessa noite eterna, as sombras me consolam, tento voltar os passos que já caminhei. Perdi o tom e o poder de contar o que vi e o que sinto, o que sonhei ou desejei. Vejo sonhos irracionais acontecendo,vejo um mundo torto e esquisito. E por mais que eu procure em todas a luas de saturno, e por mais que eu mergulhe no mar da tranquilidade, serei companheiro de Ulisses na sua volta pra casa. Não confie nas minhas boas intençoes, a noite me amou e me define como um ser  malvado e sem coração. Nem queira  encontrar em meu intimo uma bondade simpática . Preste atenção ao que diz o oraculo “....quando chegar a minha casa, faça homenagem a meus deuses, beba do meu vinho, coma da minha comida, deite na minha rede e depois va embora”. Afinal não preciso do seu adeus, não encontrei novidades ou boas noticias ou um sorriso novo em você , apenas vi o que queria ver. Não tenho flores no cabelo. Não reconheço em voce nenhum de minhas  companheiras. Não tenho mais a visão, minha consciência mudou meu norte sumiu.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Lobo de Alabastro

A floresta esta silenciosa, um ar morno e lento paira sobre tudo. As criaturas ainda sonolentas, despertam lentamente do sono invernal. A Senhorita Noite me da, o seu olhar em um sorriso malicioso, e as margens do Lago Azul da Lua eu posso ver refletido o ceu que me espera, os ventos me comprimentam com novas cançoes, trazidas dos cinco cantos do mundo, canções de notas refinadas, de colcheias e semínimas assanhadas, e no campasso dos meus passos, tenho no meu caminhar uma nova historia. Os anjos e santos compartilham com esse pecador suas orações, e a saudade antes guardada, reaparece pecaminosa e covarde, me provocando, contudo ainda tenho as prerrogativas e encantamentos de um Bruxo, ainda tenho o poder da magia. Algumas sombras me rodeiam e sussuram delicados desejos e murmuram suas eternas historias de seus antigos amores. As estrelas cadentes passeiam no ceu como meninas de vestido nilaz, e uma luz amarela que vem do leste, me faz lembrar do Farol de Alexandria, que durante seculos me guiou. Passos lentos e contidos chamam minha atenção, e logo percebo um jovem lobo perdido, no seu olhar conhecçouma grandeza nunca vista, observei ele durante um longo tempo e notei suas feridas. Uma pergunta logo me veio a cabeça.-Os Lobos não esquecem o caminho de casa, nem os errantes, de onde vens. -Meu nome é Alabastro, me tornei errante por não desejar lutar, por querer apenas paz, e por isso me chamaram de covarde. Das suas feridas exalava um balsamo, um Nardo, das sua palavras só percebi verdade e justiça. -O que desejas aqui ? Sua resposta foi rapida. -Quero apenas viver em sua floresta e com sua permissão. Minha resposta tambem bem objetiva.-Voce pode viver aqui o tempo que quiser, tem apenas que sigar os Mandamentos e ser solidario. E assim nos tornamos amigos. Agora havia equilibrio. 

domingo, 15 de janeiro de 2012

O inverno acabou.....

"Teu silêncio? Talvez nem você saiba bem…
mas adoro quando você é mais de silêncios que de falar...
mais de olhar que de dizer...
e especialmente mais de sentir em si, do que de se revoltar...."

Essa era a canção que Eólo, o vento de brisa suave me trazia. Essa era a voz da feiticeira sem nome e sem rosto que ocupava as aguas do lago. Esse era o seu encantamento, essa era sua magia, sua presença dava inicio a nova estação.