sábado, 29 de setembro de 2012

Due

Quando me vejo, em seus olhos, noto que ainda tenho nas mãos as marcas do Lobo, mas inexistem os detalhes do homem, sou visto como fera, animal selvagem, dilacerante, sem piedade sem coração, a sombra da noite, o velho bruxo ou coisa  que o valha. Não posso renegar esses adjetivos tão proprios e verdadeiros, que se grudam ao meu pelo negro de forma tão apropriada, contudo ainda aspiro ser um homem comun , ainda desejo trocar minha eternidade, minhas mil almas, por uma vida normal. Ainda sinto seu olhar, e essa sua presença gelada, quase invisivel, que me faz desejar essa metamorfose, foi essa presença que me tirou o caminho, que me fez ver o brilho do punhal, essas são suas cartas, que me deixaram sentir o enfeitiçado, logo eu o grande bruxo o encantador de estrelas, o fazedor de chuvas, sinto fogo no gelo. Um domingo cansado, quase velho, quase senhor, me traz sua lembrança, e a chuva te da forma, e o vento o movimento, os cabelos são folhas verdes, os dedos pequenos galhos, os pés raizes, os seios peras maduras, suas coxas tem gosto e cheiro de sandalo e a boca são framboesas molhadas de orvalho, seu sexo é especial é um pessego perfumado, com gosto aveludado, e no pescoço um colar de madre perolas negras, que vestem sua pele branca.

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